Manifesto Fundador
1. O teatro e as artes cénicas têm por génese o que faz, o que vê e uma acção: a ausência de uma das partespode ser exercício; obra não é.
2. O teatro não dispensa a presença viva de pessoas na emissão e na recepção: outros suportes de mediaçãosão complementos; ou performances, não teatro.
3. A obra artística não é apenas uma forma; produz e reproduz substância: existencial, social, religiosa,psicológica, pedagógica, o que seja.
4. A arte, para o ser, apela à elevação dos sentidos, do gosto e do pensamento: sem eles é entretinimento;legítimo, quando não aliena, mas arte nunca.
5. O conceito artístico faz parte da concepção e o talento exprime-a; mas só o trabalho incorporado realizao objecto de arte: o mais é fraude.
6. O objecto artístico nega-se na espectacularidade por si, o discurso não é exibição: à arte está imanente umsentido; a sua substituição pelo artifício vazio, vazio é.
7. A determinação dos cânones da criação respeita a quem cria: o público partilha ou rejeita; e a criaçãoartística, se artística é, assume-se fracturante no gosto.
8. A recepção de forma e conteúdo, depois, visa o espaço público colectivo: aí a assinatura personalizada éassunto dispensável de afirmação; está feita.
9. O aplauso é um tributo ao trabalho realizado: não deve constituir-se em elemento distractivo da mensagem;o público deve retê-la para lá da sessão.
10. A concretização da obra é a tradução maior das artes cénicas: mas para a sustentar deseja-se pesquisa edocumentação; com participações diversas.
11. O reportório aqui abrange exclusivamente textos originalmente escritos em língua portuguesa: comoafirmação identitária; não expressão xenófoba.
12. A pluralidade em arte é expressão de liberdade e de riqueza: as singularidades dogmáticas deste Manifesto também; inalienável direito de quem o adopta.